Regras impactam vistos de estudante, turismo, intercâmbio e trabalho
Até o final de 2023, a realização da entrevista presencial para a emissão de alguns tipos de vistos fica dispensada. A norma foi autorizada pelo governo dos EUA. A permissão já havia sido implementada em 2022, mas agora foi estendida até o final deste ano, como forma de reduzir o tempo de espera na concessão dos documentos, que no Consulado em São Paulo chega a 16 meses.
De acordo com a regra, os oficiais consulares terão prerrogativa para dispensar candidatos da exigência de entrevista nos casos de primeiro pedido ou renovação do visto H-2, voltado para estrangeiros que vão aos EUA realizar trabalhos temporários e sazonais.
Além disso, também poderão ser isentos da entrevista solicitantes dos três tipos de visto de estudo e intercâmbio (F, M e J), além dos vistos H-1, H-3, H-4, L, O, P e Q, caso já tenham recebido um visto americano anteriormente e nunca tenham tido um pedido de entrada nos EUA negado.
A regra também prevê que qualquer renovação de visto, incluindo o de negócio e turismo (B1/B2), por exemplo, poderá ser dispensada da entrevista, se o visto anterior não tiver vencido há mais de 48 meses.
Ainda de acordo com o anúncio do governo americano, funcionários consulares poderão exigir a entrevista presencial, mesmo nos casos elegíveis de isenção, tendo em vista as condições locais de cada posto diplomático.
“Incentivamos os candidatos a verificar os sites das embaixadas e consulados para obter informações mais detalhadas sobre esse desenvolvimento, bem como o status operacional e os serviços atuais”, aconselha o Departamento de Estado em nota oficial.
Prazo para tirar visto de turismo americano em São Paulo passa de 500 dias
O Brasil é o sétimo país que mais envia viajantes aos EUA. E quem deseja viajar para os EUA e ainda não tem o visto de turismo vai precisar de paciência para obter o documento. O tempo de espera para agendar uma entrevista no Consulado dos EUA em São Paulo é de 505 dias (ou 16 meses), segundo a última atualização no sistema do Departamento de Estado americano.
É uma das maiores filas de espera já registradas para a capital paulista.
Em razão da pandemia de Covid-19, os postos diplomáticos dos EUA em todo o mundo ficaram fechados ou com funcionamento limitado durante 2020 e 2021.
Isso fez com que milhões de pedidos de vistos se acumulassem, aguardando para serem analisados. No Brasil, isso aconteceu apenas em novembro de 2021, quando o atendimento ao público geral foi normalizado.
“De lá para cá, a Embaixada americana realizou um trabalho realmente fenomenal para atender a demanda. Os oficiais conseguiram até mesmo zerar a fila de vistos imigratórios, que são aqueles que concedem o green card. Mas o visto de turismo – que responde por cerca de 90% de todas as autorizações emitidas para brasileiros – são ainda um gargalo a ser superado”, comenta o advogado brasileiro Felipe Alexandre, sócio-fundador da AG Immigration, escritório de advocacia imigratória sediado em Washington, D.C.
Ele destaca que a Embaixada dos EUA no Brasil fez contratações no último ano e já anunciou mais contratações de oficiais consulares para 2023, justamente com o intuito de reduzir o tempo de espera do agendamento.
“O Brasil é um dos países que mais pedem visto de turismo no mundo. Acredito que a fila começará a ficar mais rápida a partir do meio do ano”, diz Alexandre.
O tempo de espera para conseguir a entrevista presencial no consulado ou na Embaixada – etapa obrigatória para quase todos os casos de quem tira o visto pela primeira vez – também está elevado nos outros postos diplomáticos dos EUA no Brasil.
No Rio de Janeiro, a fila é de 435 dias. A capital fluminense é seguida por Brasília (434), Recife (361) e Porto Alegre (337).
Dados do Escritório Nacional de Viagem e Turismo dos EUA mostram que, de janeiro a novembro de 2022, o Brasil foi o sétimo país que mais enviou viajantes à terra do Tio Sam, com 1.074 milhão de pessoas entrando em solo americano para atividades turísticas.
Ao todo, mais de 6,2 milhões de brasileiros têm o visto americano de turismo, sendo que 682 mil foram emitidos nos onze primeiros meses do ano passado.
