Projeto no Sesc Rio Preto celebra 100 anos do cinema em 16mm

Cine Película relembra filmes de 16mm no Sesc Rio Preto

Realizado de 11 a 25 de abril, o projeto, Cine Película, reúne exibição de filmes/cinema em 16mm, bate-papos com especialistas e execução de trilha ao vivo

Em celebração ao centenário do formato cinema em 16mm, em 2023, o Sesc Rio Preto inicia nesta terça, dia 11, às 20h, o projeto Cine Película: uma aventura pelo cinema em 16 mm. Realizado até 25 de abril e com entrada gratuita, o especial reúne filmes nacionais e estrangeiros que revelam a diversidade de experiências do cinema em película. E também reflete, por meio de bate-papos, sobre as transformações que o formato compacto trouxe à sociedade e à própria linguagem cinematográfica.

Introduzido pela Kodak em 1923, o formato em 16 mm acabou, por décadas, sendo o mais utilizado em documentários, filmes experimentais, filmes de treinamento, além de filmes independentes, contribuindo de um modo decisivo para o futuro do cinema.

A Trama de Sangue foi filmado em Rio Preto e será exibido no projeto

Devido aos seus custos e dimensões, este formato tornou-se ideal para a produção de obras caseiras ou para a exibição de grandes filmes em espaços alternativos, sendo por muito tempo um formato padrão para a televisão. Entretanto, com a popularização do vídeo nos anos 1980, o interesse pelo formato praticamente deixou de existir, tornando as cópias de filmes em 16 mm, exemplares raros.

Para resgatar a nostalgia desse formato e abrir um espaço de discussão, a programação realizada pelo Sesc Rio Preto propõe uma aventura pelo cinema em 16 mm. O projeto é composto por exibições de filmes nacionais e internacionais, de películas em 16 mm. Ao término de cada sessão, um especialista fala um pouco sobre o formato e a linguagem cinematográfica.

Cinema em 16mm – programação

Abrindo o projeto, no dia 11, terça, às 20h, o longa O Camelô da Rua Larga, filme brasileiro do gênero chanchada, dirigido por Eurides Ramos traz a história de Vicente, um camelô que vive fugindo do rapa e da dona da pensão onde mora.

Na obra, os números musicais foram dirigidos por Hélio Barrozo Netto, com participações dos intérpretes Nelson Gonçalves (em “Escultura”), Maysa (em “Ouça”) e Julie Joy. As orquestras da trilha sonora tiveram regência do maestro Radamés Gnatalli. Após a exibição, o cineasta e Mestre em Semiótica, Paolo Gregori conversa com o público sobre a obra.

No sábado, dia 14, às 16h, a programação continua com a exibição “A trama de sangue”, filme nacional, produzido em Rio Preto com direção de João Albano e cinegrafia de Arlindo Massi.

A película, em 16mm, foi a primeira produção em nossa cidade, sendo filmada em fazendas de Mirassolândia e Bady Bassitt. Na trama, a história de um fazendeiro que arma uma emboscada para sua esposa que o traía com um capataz.

Durante sua primeira exibição, realizada no Cine São Paulo, o filme apresentou falhas de sincronização entre imagem e som, fato que daria futuramente um caráter “cult” à obra. Após a exibição, o documentarista, músico e diretor do MIS Rio Preto, Fernando Marques e o historiador Alex Zen conversam com o público, trazendo aspectos históricos e fatos curiosos.

A programação continua com a exibição da produção estadunidense “Flores do Pó”, com direção de Mervyn LeRoy, no dia 18, terça, às 20h. O filme biográfico de Edna Gladney apresenta a trajetória de uma das primeiras ativistas pelos direitos e melhores condições de vida para crianças desfavorecidas.

No enredo, Edna, interpretada pela britânica Greer Garson, enfrenta a intransigência dos cidadãos conservadores, o papel rendeu à atriz uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz. Um dos destaques do filme, que será exibido com legendas eletrônicas em português é a direção de arte que foi vencedora do Oscar. A obra abre a oportunidade para o debate de uma temática sobre questão racial representada nos papeis de criados e empregados. Na sequência, o público conversa com o cineasta e professor Paulo Gregori.

No dia 20, quinta, às 20h, a vivência com as películas de 16 mm ganha a colaboração do Cinepiano, uma experiência audiovisual única, com improvisação de uma trilhasonora musical ao vivo, tocado no piano pelo músico Tony Berchmans.

A música narra as cenas com precisão e, na falta dos diálogos e sons, ela ajuda a contar a história, estabelecendo andamentos, climas emocionais, ambientações dramáticas e pontuações cômicas. Na tela, a comédia romântica “O Não-Sei-Quê das Mulheres” traz a atriz Clara Bow no papel de Betty, assumindo um maternar solo, para proteger sua amiga de uma situação embaraçosa.

O filme consagrou a expressão “It Girl” para as mulheres inteligentes, magnéticas, autênticas e naturalmente atraentes. O conceito foi cunhado pela escritora Elinor Glyn, que inclusive aparece no filme interpretando ela mesma.

No feriado, dia 21, sexta, às 16h, o público infantil também pode vivenciar essa experiência cinematográfica com o filme Pedro e o Lobo, uma produção dos Estúdios Disney de 1946. A exibição se dará a partir de uma cópia muito rara em poliéster de 16 mm, que manteve as cores originais perfeitamente preservadas e com a dublagem clássica na voz de Aloysio Oliveira.

Com duração de 15 minutos, o filme traz as aventures do valente Pedro que desobedece a seu avô e sai para caçar o lobo da floresta.

Na sequência, quem ocupa a tela é o curta-metragem francês “O Balão Vermelho”, do diretor Albert Lamorisse, que transformou um objeto inanimado na melhor companhia de um garoto. Lançado em 1956, o filme, que prioriza mais imagens do que palavras, aborda a inocência e o imaginário infantis, através de um balão vermelho, cuja cor contrasta com uma cidade cinza, habitada por pessoas indiferentes, cruéis e invejosas.

O Balão Vermelho

O balão brinca com o menino e o acompanha pelas calçadas de Paris como um animal de estimação, porém essa amizade é ameaçada por figuras de autoridade na escola, na igreja e no próprio lar. Vencedor da Palma de Ouro de Melhor Curta-Metragem no Festival de Cannes e do Oscar de Melhor Roteiro Original, O Balão Vermelho traz efeitos especiais, uma tocante trilha sonora e uma história poética que encanta pela simplicidade.

Encerrando a programação do projeto Cine Película, o filme Mazurka, um dos primeiros dramas de tribunal da história do cinema, produzido na Alemanha em 1935, traz a história do julgamento de uma mulher acusada por assassinar a sangue frio um músico em um cabaré. Na época, o diretor Willi Forst enfrentou o desafio de dirigir o filme durante os primeiros anos do governo de Hitler, evitando as interferências do patrulhamento ideológico promovido pelo Estado Nazista. Após a exibição, o público conversa com a crítica de cinema, antropóloga e pesquisadora Isabel Wittmann, também criadora do Feito por Elas, projeto que visa a discussão e divulgação do trabalho de mulheres no cinema.

A programação pode ser conferida em sescsp.org,br/riopreto, os ingressos são gratuitos e podem ser retirados com 30 minutos de antecedência a cada sessão.

Filmes em 16mm no Sesc Rio Preto

O CAMELÔ DA RUA LARGA (16mm)
Bate-papo com o cineasta Paolo Gregori

Dir: Eurides Ramos. Brasil, 1958, 81min.

Sinopse:

Vicente é um camelô que vive fugindo do rapa e da dona da pensão onde mora, a quem deve há oito meses. Sua noiva Aurora é outra preocupação, pois está querendo se casar. Um dia, durante uma briga numa boate, cai em suas mãos uma bolsa cheia de dinheiro.

Paolo Gregori é cineasta e professor. Mestre em semiótica pela PUC-SP e especialista em intermídia pela universidade de Konstanz, Alemanha. Lecionou direção, roteiro, produção, linguagem cinematográfica, montagem, história do cinema, cinema latino-americano, entre outras disciplinas, na FAAP, Anhembi, AIC e Belas Artes. Foi coordenador do curso de Cinema e Audiovisual da Aeso, em Olinda, Pernambuco e sócio da Arteficio Filmes.

Dia 11/4, terça, das 20h às 22h. Livre

Teatro. 234 lugares. Grátis
Retirada de ingressos com 30 minutos de antecedência.


A TRAMA DE SANGUE

Bate-papo com o músico Fernando Marques e o historiador Alez Zen
Dir: João Albano. Brasil, 1968, 30min.

Sinopse:

Um bangue-bangue à brasileira filmado no interior de São Paulo, A trama de Sangue conta a história de um fazendeiro que arma uma emboscada para sua esposa que o traía com um capataz.

Fernando Marques é músico, jornalista, documentarista e fotógrafo. Como músico gravou inúmeros discos, desde a década de 1980 e escreveu as únicas três sinfonias da cidade de São José do Rio Preto. Fundou o Selo Tempo Livre, em 1991, que produziu mais de 200 discos em toda região. Como documentarista é fundador, em 2002, da produtora de documentários Rio Preto em Foco Filmes, que já produziu mais de 200 documentários em toda região. Como jornalista, atuou no Jornal Bom Dia, com as colunas “Quem Foi” e “De Sola”. De 2011 e 2012, foi titular da coluna “Memória Fotográfica”, do Diário da Região. Hoje, no mesmo jornal tem a página semanal “Rio Preto em Foco”, desde 2017. É proprietário do MIS Fernando Marques, que conta com um acervo de mais de 1.500 peças.

Alex Zen é produtor cultural, é bacharel e licenciado em História pela Universidade de São Paulo. Desde 2009 atua principalmente em projetos de valorização do cinema em película, ministrando cursos, oficinas e produzindo sessões de cinema com bate-papo. Em 2019 fundou com seu irmão Magno Brasil, artista e proprietário das escolas Visuart, a Cine 16 Projetos em Cinema, com o objetivo de contribuir para preservar, divulgar, reabilitar, descobrir e redescobrir a Sétima Arte sob a divisa “Viva o Filme!”.

Dia 15/4, sábado, das 16h às 18h. Livre

Teatro. 234 lugares. Grátis

Retirada de ingressos com 30 minutos de antecedência.


FLORES DO PÓ (16mm)

Bate-papo com o cineasta Paolo Gregori.

Dir: Mervyn LeRoy. EUA, 1941, 99min.

Sinopse:

No Texas, Edna abre um lar para crianças órfãs e faz de tudo que os pequenos sejam adotados por boas famílias. Porém, ela deve enfrentar a fúria de cidadãos “conservadores”, que condenam as crianças como ilegítimas por terem nascido fora do casamento. Filme biográfico de Edna Gladney (interpretada por Greer Garson) que dedicou grande parte de sua vida liderando as lutas por direitos de crianças órfãs e adotadas nos Estados Unidos.

Paolo Gregori é cineasta e professor. Mestre em semiótica pela PUC-SP e especialista em intermídia pela universidade de Konstanz, Alemanha. Lecionou direção, roteiro, produção, linguagem cinematográfica, montagem, história do cinema, cinema latino-americano, entre outras disciplinas, na FAAP, Anhembi, AIC e Belas Artes. Foi coordenador do curso de Cinema e Audiovisual da Aeso, em Olinda, Pernambuco e sócio da Arteficio Filmes.

Dia 18/4, terça, das 20h às 22h. Livre

Teatro. 234 lugares. Grátis

Retirada de ingressos com 30 minutos de antecedência.


CINEPIANO: O NÃO-SEI-QUÊ DAS MULHERES (16mm)

A exibição conta com música ao vivo interpretada pelo pianista Tony Berchmans projeto Cinepiano

Dir: Clarence G. Badger. EUA, 1927, 72min.

Sinopse:

Comédia romântica com temática arrojada, em que Clara Bow, no papel de Betty, assume ser mãe solteira para proteger sua amiga de uma situação embaraçosa, o que pode prejudicar seu interesse pelo rico dono da loja em que trabalha.

Cinepiano é uma experiência audiovisual única na apresentação de grandes clássicos do cinema. Ao piano, Berchmans improvisa a trilha sonora musical ao vivo, utilizando temas de sua autoria e excertos de música folclórica ou clássica, sempre em intenso diálogo com a narrativa dos filmes. A técnica de acompanhamento musical de Berchmans representa uma nova forma de se assistir a antigas obras. A música narra as cenas com precisão e, na falta dos diálogos e sons, ela ajuda a contar a história, estabelecendo andamentos, climas emocionais, ambientações dramáticas e pontuações cômicas.

Dia 20/4, quinta, das 20h às 22h. Livre

Teatro. 234 lugares. Grátis

Retirada de ingressos com 30 minutos de antecedência.


PEDRO E O LOBO (16mm)

Dos Estúdios Disney. EUA, 1946, 15min. Dublado.

Sinopse:

O intrépido Pedro, uma criança com sua inofensiva espingardinha de rolha, desobedece a seu avô e sai para caçar o lobo da floresta com seus amiguinhos Ivan, o gato; Sonia, a pata; e Sasha, o passarinho. O curta de animação foi criado a partir da música do compositor russo Sergei Prokofiev, em que cada personagem é interpretado por um instrumento musical. A exibição em 16mm se dará a partir de uma cópia muito rara em poliéster, que manteve as cores originais perfeitamente preservadas e com a dublagem clássica na voz de Aloysio Oliveira.

Dia 21/4, sexta, das 16h às 16h20. Livre

Teatro. 246 lugares. Grátis

Retirada de ingressos com 30 minutos de antecedência.


O BALÃO VERMELHO

Dir: Albert Lamorisse França, 1958, 35min. Dublado.

Sinopse:

Um jovem menino francês, encontra um grande balão vermelho atado a um poste de luz e decide desamarrá-lo. Inicia-se uma forte ligação entre o garoto e o balão, que passeiam e brincam juntos pelas ruas da cidade. Eles fogem de um grupo de meninos da idade de Pascal que querem destruir o objeto.

Dia 21/4, sexta, das 16h às 17h30. Livre

Teatro. 246 lugares. Grátis

Retirada de ingressos com 30 minutos de antecedência.


MAZURKA (16mm)

Bate-papo com a antropóloga e crítica de cinema Isabel Wittmann

Dir: Willi Forst. Alemanha, 1935, 91 min. Legendado.

Sinopse:

Um dos primeiros dramas de tribunal da história do cinema, e ainda bastante atual, em que uma mulher vai a julgamento por assassinar a sangue frio um músico em um cabaré. A trama se desenrola durante os flash-backs no julgamento. A estrela é a lendária atriz e cantora polonesa Pola Negri. Willi Forst enfrentou o desafio de dirigir o filme durante os primeiros anos do governo de Hitler, evitando as interferências do patrulhamento ideológico promovido pelo Estado Nazista.

Isabel Wittmann é crítica de cinema, antropóloga e pesquisadora, mestra em Antropologia Social pela UFAM e doutoranda na mesma área pela USP, com pesquisa sobre gênero e sexualidade no cinema. É criadora do Feito por Elas, projeto que visa a discussão e divulgação do trabalho de mulheres no cinema.

Dia 25/4, terça, das 20h às 22h. 10 anos

Teatro. 234 lugares. Grátis

Retirada de ingressos com 30 minutos de antecedência.