MADRE usa a arte para discutir a diversidade

Psicorange (Foto: Zé Tomáz)

Neste final de semana, durante os dias 1 e 2 de dezembro, acontece em São José do Rio Preto, SP, a 2ª edição do MADRE – Mostra de Artes da Diversidade e Resistência.

A mostra é realizada a partir da união de artistas e coletivos de Rio Preto.

Terá apresentações no espaço do Cursinho Alternativo e confraternização no Barteliê Gastrô.

Idealizada pelo Grupo de Apoio à Loucura (GAL), a MADRE tem como principal objetivo evidenciar a arte como uma forma de promover a reflexão para uma sociedade mais justa, igualitária e tolerante.

Os trabalhos artísticos que integram a programação, contemplam diferentes linguagens. Tem teatro, música, dança, performance, artes visuais e audiovisual.

Elas propõem discussões em torno de problemáticas urgentes da dinâmica social, do preconceito sofrido por grupos LGBTQI, negros e gordos, à desigualdade de gênero, passando pela intolerância religiosa e os obstáculos enfrentados por pessoas com deficiência.

Programação da MADRE

Um dos destaques da programação é o power trio Psicorange, que fará o show de lançamento de seu primeiro EP.

O EP teve produção viabilizada pelo Prêmio Nelson Seixas, edital de fomento cultural da Secretaria Municipal de Cultura de Rio Preto.

O primeiro registro de estúdio do grupo, formado por Murilo Gussi, Andressa Maria e Sávio D’Agostino, tem produção musical do estúdio Deep Leaks.

O estúdio é comandado pelos músicos Juliano Parreira e Gustavo Koshikumo, da banda ART (Aeromoças e Tenistas Russas), de São Carlos.

Fundador do GAL, Murilo Gussi ressalta que a segunda edição da MADRE, assim como a primeira, realizada em 2017, foi viabilizada de forma totalmente colaborativa.

Desnude

Artistas e coletivos disponibilizam seus trabalhos sem a cobrança de cachê. Nas apresentações, o público será convidado a colaborar pagando o quanto puder.

Para abrigar as atrações da MADRE, o Cursinho Alternativo foi dividido em diferentes espaços temáticos. Espaço Ser, Espaço Resistir, Espaço Estar, Espaço Fantasiar, Espaço Ocupar e Espaço Existir.

Debater com arte

A abertura da segunda edição da MADRE, no dia 1 de dezembro, será marcada pelo debate “Pensar o Ser”.

Terá a participação de Beta Cunha (atriz), Bruna Giorjiani (socióloga e professora), Carla Mendes (militante do movimento trans), Lenina Vernucci da Silva (professora e socióloga), Janys Cubanita Okoye (professora) e Jessica Oliveira (psicóloga).

Nesta edição, o público poderá conferir apresentações dos coletivos:

  • Asa de Borboleta Performance Art,
  • Não Recomendado,
  • Cia. Teatro Insólito,
  • Cia. do Santo Forte,
  • Cia. Cid Chagas (Pereira Barreto),
  • Cia. Súbito,
  • Pretas Palabras e
  • As Valquirinhas

Estarão também por lá os artistas Andréa Capelli, Juliana Carolina, Harlen Félix, Milton Verderi, Zeca Barreto e Julia Caputi.

Nos dois dias de evento, também haverá feira de artes e artesanato, com a participação de aproximadamente 20 artesãos e artistas de Rio Preto.

Vai ter quitutes da Vendinha Agridoce na MADRE

Programação completa da 2ª MADRE:

SÁBADO – 1 DE DEZEMBRO

  • 15h às 17h30 – Debate “Pensar o Ser” (Espaço Ser)

Com Beta Cunha, Bruna Giorjiani, Carla Mendes, Janys Cubanita Okoye, Lenina Vernucci da Silva e Jessica Oliveira. Mediação: Harlen Félix.

Vivemos tempos sombrios onde a luta pelos direitos mais fundamentais se torna indispensável para aqueles que historicamente se encontram à margem, tais como mulheres, negros, LGBTs, deficientes etc. O intuito desta mesa é debater a urgência da nossa organização e luta pela construção de uma sociedade com dignidade humana.

  • 17h30 – Performance “Contágio” (Espaço Resistir)

Com Asa de Borboleta Performance Art. Elenco: Vanessa Cornélio e Lucas Leal.

“Contágio” apresenta um estudo sensorial das amarras do cotidiano e o desejo por qualidade de vida. Propõe uma reflexão sobre o corpo, o movimento, estética e o estilo vida urbano.

  • 18h às 21h – Videoinstalação “Não Recomendado à Sociedade” (Espaço Estar)

Com Agrupamento Não Recomendado. Idealização e direção geral: Fabiana Pezzotti. Psicóloga: Nayara Flausino da Silva.

Arte: Vinicius Dall Acqua

Existe uma multidão invisível entre nós. Pessoas como eu e você. Com histórias apaixonantes, curiosas, engraçadas, com defeitos e qualidades. O Agrupamento Não Recomendado à Sociedade se propôs a quantificar essa diversidade de pessoas que apoiam, se identificam e que fazem parte da comunidade LGBTT. A partir dessa pesquisa, identifica-se grande necessidade de dar voz a uma parte dessa comunidade, os cidadãos trans.

  • 18h às 21h – Exposição “Olhar do Feminino” (Espaço Fantasiar)

Mostra de telas do artista visual Sávio D’Agostino.

  • 18h – Performance “O Que Eu Não Te Disse” (Espaço Resistir)

Com a Cia. Teatro Insólito.

Elenco: Christina Martins, Deivison Miranda, Jessica Zago, Pietra Borges e Suria Amanda. Músico: Gael Camillo. Técnica: Juliana Carolina.

Uma sala vazia, um alguém sozinho, com suas próprias crises, pessoalidades delicadamente guardadas como um troféu e um grande espelho metafórico. Essa figura fita sua própria imagem no reflexo. Se enxerga de todas as direções, como se estivesse no centro de um palco, como se estivesse ao fundo, participando da cena, como se fosse público, assistindo a história desse infeliz. Sob o olhar do coletivo, particularidades são experimentadas. “O Que Eu Não Te Disse” é literal, visceral. É o que eu tentei dizer, mas não consegui. E mais que tudo, é o que eu disse, mas ninguém ouviu.

  • 18h30 – Performance “Matrística Fogo – Queima de Arquivo” (Espaço Ocupar)

Com a Cia. Do Santo Forte. Performers: Tauane Santo Forte e Dániel Santo Forte.

Um homem manifesta seu orgulho de ser filho de Umbanda. Uma mulher decide, por segurança, eliminar qualquer vestígio de sua subjetividade. Queimando seu lixo afetivo composto por cartas, fotografias e recortes de jornal, relembram a caça às bruxas e a inquisição.

  • 19h30 – Espetáculo “Anne Frank” (Espaço Existir)

Com a Cia. Cid Chagas (Pereira Barreto-SP). Direção: Mário Irikura e Gabriel Mirck. Elenco: Júlia Vega e Looh Cruz. Dramaturgia: Fabricio Carvalho e Camila Bolandin. Iluminação: Matheus Dutra e Gustavo Paiva. Sonoplastia: Mário Irikura. Maquiagem e figurino: Juçara Veja.

Foto: Cia. Cid Chagas

Releitura dramática do livro “O Diário de Anne Frank” encenada por duas jovens atrizes da Cia. Cid Chagas, de Pereira Barreto. A encenação é intimista e revela as angústias diante dos horrores da história, a partir do olhar sensível de uma adolescente.

  • 20h30 – Performance “Confissões na Pista de Dança” (Espaço Resistir)

Com Milton F. Verderi.

E quem nunca teve uma experiência com Madonna? Na música, no estilo e, nesse caso, na vida. Nesta noite, serão reveladas todas as histórias, encontros e, por que não, nossas loucuras vividas. A pista está aberta.

  • 21h – Show do power trio Psicorange (Espaço Resistir)

Lançamento do EP “Psicorange”, viabilizado pelo Prêmio Nelson Seixas 2018. Power trio: Murilo Gussi, Andressa Maria e Sávio D’Agostino. Produção musical: Deep Leaks (Juliano Parreira e Gustavo Koshikumo). Figurino e maquiagem: Anderson Ayusso. Registro de imagem e vídeo: Samuel Merighi e Guilherme Di Curzio. Técnico de som e luz: Henrique Tófilo.

Tendo a música como foco principal, mas sem abrir mão do discurso em prol da valorização das liberdades individuais e da diversidade, seja ela de gênero, de raça, de condição física ou de ideologia, Psicorange recorre a inúmeras referências do universo musical e da cultura pop para construir um repertório que tem como base uma formação pouco convencional para uma banda de rock, baseada, essencialmente, no contrabaixo e na bateria.

  • 23h – MADRE – A Festa (Espaço Celebrar)

No Barteliê Gastrô (Rua Três Fronteiras, 2695). Discotecagem de Julia Caputi e Harlen Félix. Exposição digital dos melhores momentos da MADRE 2017. Portaria: R$ 5.

DOMINGO – 2 DE DEZEMBRO

  • 10h às 18h – Oficina “Matrística – Madre” (Espaço Ocupar)

Com a Cia. do Santo Forte. Concepção e condução: Tauane Santo Forte. Produção: Dániel Santo Forte.

Foto: Tess Marcondes

Criação de uma comunidade temporária em que o objetivo final será criar um ritual cênico aberto à visitação, honrando as nossas ancestrais através de narrativas e vivências pessoais. Inscrições com o assunto “Matristica – Madre” pelo e-mail: ciadosantoforte@gmail.com.

  • 15h30 às 16h30 – Cinemadre (Espaço Ser)

Exibição de curta-metragens que abordam a diversidade sexual e de gênero. Curadoria de Harlen Félix.

  • 16h45 – Espetáculo “Agreste” (Espaço Existir)

Com a Cia. Súbito. Elenco: Igor Carrasco, Luccas Alessandro e Marcelo William. Direção: Igor Carrasco. Classificação: 12 anos.

Um amor que nasceu do proibido. Tinha alguma coisa no amor deles que não podia acontecer, mas aconteceu! Eles foram se estreitando, chocando sua intimidade. Confiavam um no outro. Eles não tinham entendimento para muita coisa, até que uma tragédia traz à tona um segredo que vai desenterrar o pior do ser humano.

  • 17h30 às 20h – Instalação Performática “Desnude 2.0” (Espaço Estar)

Concepção, direção e produção: Juliana Carolina. Performer: Daniel Octávio. Assistente de produção: Daniel Octávio, Milena Castro e Sueli Brigida. Gravação e mixagem de som: Juliana Carolina. Foto: Priscila Beal. Arte e edição: Juliana Carolina.

Um grupo de participantes entra vendado em uma sala escura para vivenciar uma experiência sensorial que os convida a enxergar o outro além dos olhos e gênero por meio da alteridade.

  • 17h30 – Performance de dança “Direito ao Delírio” (Espaço Resistir)

Com Andrea Capelli.

Foto: Inara Dumbra

Foto: Inara Dumbra

Inspirada em um trecho do texto homônimo de Eduardo Galeano, a intervenção propõe outro mundo possível. Um mundo imaginado, desejado, quase utópico, mas que deve ser perseguido, vivido. Uma vida em que o sonho seja permitido. Loucura. Praças, ruas, corpos e janelas abertas. “A perfeição seguirá sendo o privilégio tedioso dos deuses, mas neste mundo, neste mundo avacalhado e maldito, cada noite será vivida como se fosse a última e cada dia como se fosse o primeiro”.

  • 18h às 21h – Exposição “Olhar do Feminino” (Espaço Fantasiar)

Mostra de telas do artista visual Sávio D’Agostino.

  • 18h – Performance “Uma Praiazinha de Areia Bem Clara, Ali, na Beira da Sanga” (Espaço Existir)

Com Harlen Félix. Inspirado em conto homônimo de Caio Fernando Abreu.

“Cada homem mata as coisas que ele ama.” (Oscar Wilde, citado por Rainer Werner Fassbinder no filme “Querelle”)

  • 18h30 – Performance “Matrística Madre” (Espaço Resistir)

Resultado da oficina “Matrística Madre”, com a Cia. do Santo Forte

Todo mundo teve mãe. Todo mundo tem uma história. Misturando referências que vem alimentando o trabalho da Cia. Do Santo Forte e memórias autobiográficas dos alunos da oficina, este ritual cênico é para celebrar as nossas ancestrais, nossas memórias e nossa resistência.

  • 19h – Sarau “Pretas Palabras” (Espaço Resistir)

Com o coletivo PRETAS PalaBRas. Integrantes: a artista visual e poeta Anna Claudia Magalhães, a poeta Mayara Ísis, a doutora em linguística e poeta Janys Cubanita Okoye e a assistente social Silane Santana.

Fronte da organização do espaço de voz, luta, visibilidade, resistência e protagonismo preto.

  • 20h – Show de As Valquirinhas (Espaço Resistir)

As Valquirinhas é uma segunda formação da Banda Musical As Valquírias, que pertence ao Instituto Social e Educacional As Valquírias, fundado por Amanda Oliveira. O instituto atende centenas de meninas em situação de risco, vulnerabilidade social e emocional. A Banda As Valquírias trabalha para que os Instrumentos Musicais e os livros cheguem nas mãos das crianças, antes das armas.

  • 20h30 – Show de Zeca Barreto (Espaço Resistir)

Cantor e compositor de Rio Preto, Zeca Barreto interpreta canções de Chico Buarque.