Pesquisa revela que brasileiros não usam seta, nem cinto

Alguns motoristas ainda não usam o cinto de segurança na rodovia (Foto: Pexels / Reprodução)

Mesmo com tantas campanhas e números que revelam o alto número de acidentes de trânsito no Brasil, uma pesquisa mostra que o motorista brasileiro ainda mantém hábitos errados e imprudentes enquanto dirige.

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), todos os anos cerca de 1 milhão e trezentas mil pessoas morrem vítimas da imprudência ao volante.

 

Pesquisa revelou hábitos dos motoristas nas rodovias (Foto: Pexels / Divulgação)

Dos que sobrevivem, cerca de 50 milhões ficaram com sequelas. O trânsito é a nona maior causa de mortes do planeta.

O Brasil é o quinto entre os países recordistas em mortes no trânsito. Fica atrás da Índia, China, EUA e Rússia. Segundo o Ministério da Saúde, em 2015, foram registrados 37.306 óbitos e 204 mil pessoas ficaram feridas.

Pesquisa revela maus hábitos dos motoristas

Os maus hábitos ao volante refletem nos números de acidentes nas rodovias.

Uma pesquisa elaborada pela Arteris mostra que, mesmo na rodovia, parcela de condutores não mantém distância mínima de segurança entre veículos.

além disso, não sinalizam ao mudar de faixa e não usam o cinto de segurança no banco de trás.

A Arteris é uma companhia do setor de concessões de rodovias do Brasil. A pesquisa de observação é inédita e mostra o comportamento de condutores em rodovias no Brasil.

O método também foi aplicado, neste ano, em rodovias da França, Espanha, Argentina, Chile e Porto Rico.

Os dados da França e da Espanha já foram divulgados, o que permite comparação, reservadas as distintas realidades.

“Conhecer a fundo o costume dos usuários tem se revelado cada vez mais importante para desenhar e executar ações mais estratégicas para sensibilizar e provocar mudanças de comportamento no trânsito, reduzindo assim fatalidades”, afirmou o coordenador da pesquisa e gerente de operações da Arteris, Elvis Granzotti.

Durante os sete dias de observação, passaram pelo trecho escolhido, na Autopista Régis Bittencourt, 82 mil veículos.

Lá, o comportamento de condutores foi registrado por sensores fixos em pontos estratégicos da rodovia.

O levantamento confirma a tese de que uma parcela dos motoristas desrespeita a legislação na rodovia.

Uso de celular ao volante

Alguns segundos de distração ao manusear o celular podem levar a um desvio de atenção grave.

O uso do celular é uma infração gravíssima e a multa no Brasil pode chegar a quase R$ 300 reais, além de render sete pontos na carteira de habilitação.

Usar o celular enquanto dirige agora é multa gravíssima (Foto: Reprodução Pexels)

Contudo, o manuseio do aparelho é uma realidade, sobretudo, nas grandes cidades.

Nas rodovias, ainda que de forma mais tímida, o celular continua sendo usado, mesmo gerando um risco de alta periculosidade.

No período pesquisado, 1,19% dos motoristas foi visto com celular em mãos no Brasil.

Na França, 4,1% dos usuários dirigiam manuseando o celular, e na Espanha, 4,6%.

Excesso de velocidade

O desrespeito à distância mínima de segurança de dois segundos, associado ao excesso de velocidade, potencializa exponencialmente o risco e a gravidade de acidentes.

Na distância e velocidade adequadas, os condutores e demais usuários da rodovia ampliam a capacidade de reação, têm melhor visibilidade da via e da sinalização.

Contam com maiores chances de adotar atitudes defensivas corretamente.

Os dados coletados indicam que 15,9% dos usuários parecem ignorar a recomendação expressa no Código de Trânsito Brasileiro de manter a distância mínima de segurança entre veículos.

O resultado brasileiro é bastante similar ao espanhol, que foi de 16,5%.

A França, por sua vez, apresentou o percentual mais alto de desrespeito à distância mínima de segurança, 25%.

O desrespeito aos limites de velocidade é alto para os três países.

Na França, 41% dos veículos observados excedem o limite, 38,3% na Espanha e 29,6%, no Brasil.

A infração é classificada entre média e grave no Brasil, pode gerar multa de até R$ 293,47, e levar à suspensão da CNH.

Brasileiro não usa a seta

A pesquisa relevou também que a comunicação no trânsito pode estar bastante prejudicada.

No Brasil, 57,5% dos condutores observados foram flagrados mudando de faixa sem sinalizar. Ou seja, sem usar a seta.

O dado registrado é superior ao verificado na França (26%) e na Espanha (39,6%).

Brasileiro não usa a seta (Foto: Pexels)

A manobra inesperada sem a utilização da seta é uma infração grave.

Ela impede que os demais motoristas possam tomar medidas preventivas para evitar, por exemplo, colisões laterais e traseiras.

Sem cinto de segurança

Usar o cinto de segurança pode reduzir pela metade as chances de ferimentos fatais para condutores e passageiros que trafegam no banco da frente, e em 3/4 para aqueles que viajam no banco de trás.

Mas, ainda assim, no Brasil, por exemplo, o dispositivo é ignorado por 1% dos condutores e por 48% dos passageiros no banco traseiro.

Alguns motoristas ainda não usam o cinto de segurança na rodovia (Foto: Pexels / Reprodução)

Na Espanha, o uso do cinto é praticamente universal no banco da frente, mas ainda deixa de ser usado por 21,3% dos passageiros no banco de trás.