Cia. Mungunzá abre a Mostra Cênica Resistências, que vai de 18 a 22 de abril

Espetáculo “anonimATO”, da Cia. Mungunzá de Teatro, de São Paulo, abre a Mostra Cênica Resistências (Foto João Leoci)

Ao longo de cinco dias, mostra ocupa diferentes pontos de São José do Rio Preto com teatro, contações de história, intervenções, música, cabaré, feira de economia criativa e solidária e ações formativas

De terça-feira, dia 18, a sábado, 22 de abril, acontece a 6ª edição da Mostra Cênica Resistências, que ocupa diferentes espaços de São José do Rio Preto, SP, entre ruas, palcos e espaços alternativos, com espetáculos teatrais, contações de história, intervenções artísticas, música, cabaré, feira de economia criativa e solidária, oficinas, bate-papos e rodas de conversa.

A abertura oficial acontece na terça, 18, às 20h, no Jardim Suspenso do Terminal Urbano, com o espetáculo “anonimATO”, da Cia. Mungunzá de Teatro, de São Paulo.

Com programação gratuita e para todas as idades, o evento também leva atrações para Urupês, Mirassolândia, Ibirá e Bálsamo.

Realizada pela companhia rio-pretense Cênica, idealizadora do projeto, em parceria com o Coletivo Primavera nos Dentes, Duo EU+TU e G.A.L. – Grupo de Apoio à Loucura, todos de São José do Rio Preto, a Mostra Cênica Resistências tem a proposta de colaborar para a ampliação de canais de circulação e espaços de encontros, trocas e reflexões sobre o fazer artístico-cultural, oferecendo palcos para produções, grupos e artistas que seguem resistindo e reexistindo das mais diversas maneiras. Tem apoio do Sesc Rio Preto, Sesi Rio Preto e Sindicato dos Servidores Públicos Municipais.

Abertura da Mostra Cênica Resistências

A abertura oficial da Mostra Cênica Resistências acontece na terça, 18, às 20h, no Jardim Suspenso do Terminal Urbano, com o espetáculo “anonimATO”, da Cia. Mungunzá de Teatro, de São Paulo, que no dia seguinte volta a apresentar o trabalho na Praça Dom José Marcondes, região central, às 17h30.

É o primeiro trabalho para a rua da trupe paulista, com direção de Rogério Tarifa, e promove um diálogo com a cidade e seus habitantes. Em um cortejo de 100 metros em linha reta, o espetáculo, uma homenagem ao teatro, reúne 15 artistas em grandes instalações, bonecos, perna de pau, figurino inflável, música e poesia.

Em cena, oito personagens, figuras anônimas de uma cidade grande, são convocados de várias maneiras para um ato e se encontram nessa caminhada.

Os personagens – a mãe, a mulher-árvore, a vendedora de sonhos, o homem-placa, o pipoqueiro, o trabalhador, o homem que é “todo mundo” e a mulher que é “ninguém” – representam a multidão presente no ato e vão se transformando durante a caminhada. O espetáculo também é o primeiro musical do grupo paulistano, com quase todos os textos musicados e uma banda em cena.

Mostra no Teatro do Sesi

Considerado internacionalmente um dos principais expoentes brasileiros do teatro de bonecos, formas e objetos, o Grupo Sobrevento, de São Paulo, é um dos grupos que se apresentam no Teatro do Sesi durante a mostra, e leva dois trabalhos ao espaço, com duas sessões cada.

O Amigo Fiel (Foto: Arô Ribeiro)

O primeiro é para crianças, a peça “O Amigo Fiel”, na quinta, dia 20, às 16h, e na sexta, feriado do dia 21, 10h, baseado no conto homônimo de Oscar Wilde. Por meio do teatro de sombras e bonecos construídos com galhos de árvores, propõe uma reflexão profunda sobre o cinismo, a tolerância, o individualismo e a amizade.

Já o adulto “Escombros”, que encerra a Mostra Cênica Resistências, no sábado, às 17h e 20h, trata da destruição, da ruína de pessoas, de relacionamentos, de valores, de um país e do mundo. Uma cenografia de terra seca, com escombros e ruínas que se estendem aos atores e a objetos em tamanho natural, cobertos de barro seco, e figurinos endurecidos, secos e sujos, compõem o trabalho.

Também com peça no Teatro do Sesi, a rio-pretense Companhia Azul Celeste traz “Tudo a Fazer”, quarta, 19, às 20h, mostrando um encontro inusitado, com potência de alterar o curso da história, acompanhado por transeuntes espectadores, que observam atentamente o diálogo estabelecido.

Rua

Outra peça de rua presente na Mostra Cênica Resistências, “Ninguém Aguenta Mais – O QUE não CABE em mim cabe NA RUA”, da Cia. Teatral Boccaccione, de Ribeirão Preto, será apresentada no Anfiteatro Nelson Castro, na Represa Municipal, na sexta-feira, 20h.

Ninguém aguenta mais (Foto Renata Prado)

Livremente inspirada nas peças didáticas do dramaturgo alemão Bertolt Brecht (1898-1956), o espetáculo propõe reflexões sobre a necessidade de criar novos códigos para compreender os velhos e enrijecidos costumes.

Mostra Cênica Resistências na Sede Cênica

Localizada no Jardim dos Seixas, a Sede Cênica também é palco da mostra, recebendo na quinta, às 20h, o espetáculo “Cícera”, do Grupo Contadores de Mentira (Suzano), obra que traz para o centro uma mulher nordestina, que sai de sua terra em busca de oportunidades e melhores condições de vida.

Cícera (Foto: Valeria Felix)

A obra tem percorrido diversas cidades do Brasil e esteve em países da Europa e América Latina. Propõe um olhar sobre analfabetismo, exploração, fome, desemprego e desigualdade.

Formativas em teatro

A Sede Cênica também concentra as ações formativas em teatro: as oficinas “Corpo quebrado – Teatro de rito”, com o Contadores de Mentira; “Teatro de sombras com objetos” e “Introdução ao teatro de objetos”, ambas com o Sobrevento. Todas estão com inscrições abertas.

Primeiros olhares

Sempre após os espetáculos, a atriz, performer, diretora teatral, pesquisadora das artes do corpo e arte educadora Fernanda Machado (São Paulo) compartilha seus primeiros olhares sobre os trabalhos, a fim de contribuir para que artistas e público reflitam sobre as criações, na atividade chamada “Apreciação Poética”.

E no último dia da Mostra Cênica Resistências, ela comanda o bate-papo “Apreciações Poéticas – Um panorama reflexivo”, no Sesc Rio Preto, em que traça um panorama reflexivo da programação a partir de suas pesquisas práticas e teóricas, permeadas por questões de colonialidade, raça e gênero. Essa atividade também recebe inscrições.

Cabaré da MADRE

O Clube do Lago, próximo à Represa, será transformado todas as noites da Mostra Cênica Resistências em palco de celebração da diversidade e resistência de corpos dissidentes com o Cabaré da MADRE, programação que tem curadoria e produção do G.A.L. – Grupo de Apoio à Loucura e acontece sempre a partir das 21h30.

Entre os destaques, estão o show da cantora e drag queen sertaneja Reddy Allor, na sexta, e o baile The Ball Celebration, inspirado nos chamados ballroons, espaços políticos nos quais as pessoas podem performar sua existência e a própria performance em si, movimento surgido em Nova York na década de 1970.

A programação também conta com quadros fixos como “Montação & Montação Misteriosa” e “Memória”. Harlen Felix é o DJ residente e, a cada noite, Djs convidados/as encerram a programação.

Feira e intervenções na Mostra Cênica Resistências

Além do Cabaré, o Clube do Lago será ocupado por outras ações ao longo da mostra. Uma delas é a Feira das Rosas – Feira de Economia Criativa de Sabores, Cores e Saberes, concebida e produzida pelo Coletivo Primavera nos Dentes, que acontece de quarta a sábado, promovendo um ambiente para trocas de conhecimento por meio de espaços formativos e exposição e comercialização de produtos artesanais, alimentos, serviços e artes, sob a ótica da democracia.

Coletivo Primavera nos Dentes

Também haverá atividades como doações de mudas, intervenções artístico-culturais e microfone aberto. Um dos destaques é a Batalha de Rap, com DJ Tayan (São Paulo), Ivi Mc (Uchôa), Mc BNE (Rio Preto), Mlk de Mel (São Paulo) e Movimento Batalha do Braile (Rio Preto), que irão improvisar versos a partir da frase “A Fome Também é Professora”, da escritora Carolina Maria de Jesus, propondo reflexões sobre nossa cultura alimentar pela temática da fome e da alimentação saudável.

A Feira das Rosas também leva uma atração para o Anfiteatro da Represa, na sexta, às 21h15, a intervenção cultural popular “Raízes”, com a Companhia dos Santos Reis Garça Branca (Votuporanga).

Asè, Preta Voz na Mostra Cênica Resistências

O Clube do Lago recebe ainda o Asè, Preta Voz, sob curadoria, produção e mediação do Duo EU+TU, formado por Beta Cunha e Jaqueline Cardoso. A ação promove durante quatro dias, sempre 17h30, uma série de conversas permeadas por músicas, em que pessoas convidadas partilham seus saberes e experiências a partir de temas relacionados à pretitude.

Cantação de Lendas

No primeiro encontro, na quarta, 19, o tema é “Políticas Afirmativas para Pretitude”, com a educadora Juliana Costa e a advogada Nayara Ferreira, e música de Vera Lígia. “Resistência de Gênero na Arte”, “Resistência do Movimento Hip Hop” e “Oralidade Africana na Arte” são os outros temas a serem tratados com demais convidadas e convidados.

Ingressos para a Mostra Cênica Resistências

A retirada de ingresso é necessária apenas para os espetáculos do Teatro do Sesi e da Sede Cênica.
No Teatro do Sesi, a reserva online é a partir de segunda, dia 17, às 17h, no site da instituição (www.riopreto.sesisp.org.br). Presencial, diretamente na bilheteria do teatro 1h antes de cada sessão.

Na Sede Cênica, os ingressos são distribuídos sempre 1h antes.

Já para as ações formativas e reflexivas, é necessária inscrição apenas para as oficinas com os grupos Contadores de Mentira e Sobrevento, e para o bate-papo “Apreciações Poéticas – Um panorama reflexivo”, pelo link https://bit.ly/FormativasMCR.

Para as demais atividades da MCR, o acesso é livre, sem necessidade de ingresso ou inscrição.

A realização da Mostra Cênica Resistências é com recursos do Edital ProAC nº 34/2022, Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa.

A mostra também conta com a contribuição do Centro Cultural Vasco, Cia. Arte das Águas e Prefeituras Municipais de Bálsamo, Ibirá, Mirassolândia e Urupês.

Serviço:

MOSTRA CÊNICA RESISTÊNCIAS
De 18 a 22 de abril de 2023 – São José do Rio Preto e região
Gratuito
Programação completa no site www.cenica.com.br

PROGRAMAÇÃO DE TERÇA, 18/4

10h: Espetáculo Quero ser Bitita | Cênica (São José do Rio Preto)
Urupês / Centro Cultural Sebastião Gonçalves | 45 minutos | Livre | Gratuito.

Sinopse: Em cena, três artistas, três Bititas que viajam e adentram universos mágicos e curiosos que sempre levam a perguntas e descobertas sobre como é o mundo. A ancestralidade e poética irreverente da escritora Carolina Maria de Jesus conduz o público a uma viagem do que é ser bicho gente, costureira, avó, dona do mundo ou uma estrela brilhante no céu.


10h: Cantação Lendas e itans africanos | Duo EU+TU (São José do Rio Preto)
Bálsamo / CCI – Centro de Convivência do Idoso | 40 minutos | Livre | Gratuito.

Sinopse: A cantação tem estrutura de contação aberta, na qual as atrizes, uma cantora e a outra cantriz, interagem com a plateia através de objetos pessoais, lenços, xales e adereços cênicos. Ao longo da cantação, os mesmos vão se transformando em personagens e instrumentos ilustrativos. As canções utilizadas são parte do universo afro-brasileiro que, juntamente com cada história proporciona ao público uma incursão à ancestralidade africana e sua tradição oral.


20h: Espetáculo anonimATO | Cia Mungunzá de Teatro (São Paulo) – Abertura oficial
Terminal Urbano – Jardim Suspenso | 90 minutos | Livre | Gratuito.

Sinopse: Em seu primeiro trabalho concebido para a rua, a Cia. Mungunzá promove um diálogo com a cidade e seus habitantes, trazendo à cena atores, músicos, bonecos e poesia. Trata-se de um cortejo musical de 100 metros em linha reta que faz uma homenagem ao teatro e reúne 15 artistas em grandes instalações. No espetáculo, oito personagens, figuras anônimas de uma cidade grande, são convocados de várias maneiras para um ato e se encontram nessa caminhada. Os oito personagens – a mãe, a mulher-árvore, a vendedora de sonhos, o homem-placa, o pipoqueiro, o trabalhador, o homem que é “todo mundo” e a mulher que é “ninguém” – representam a multidão presente no ato e vão se transformando durante a caminhada.

Após sessão, Apreciação Poética, com Fernanda Machado (São Paulo)

A atriz, performer, diretora teatral, pesquisadora das artes do corpo e arte educadora Fernanda Machado compartilha seus primeiros olhares sobre os espetáculos teatrais apresentados durante a Mostra Cênica Resistências. A proposta é contribuir para que artistas e público reflitam sobre as criações. A ação acontece imediatamente após as sessões.


21h30: CABARÉ DA MADRE – Um cabaré no Paraíso
Clube do Lago | 18 anos | Gratuito.

Com o subtítulo “Pega Fogo Cabaré”, a edição de 2023 do Cabaré da MADRE, concebida e produzida pelo GAL – Grupo de Apoio à Loucura, visa à reflexão e celebração da pluralidade sexual e da memória ancestral LGBTIAPN+ durante cinco noites na Mostra Cênica Resistências. Esta edição vem com forte influência no icônico documentário “Paris is Burning”, primeiro longa na história do cinema a apresentar homossexuais em papel de destaque sem o estigma do HIV e demais preconceitos. Soma-se ao conceito o desejo de ocupar o Clube do Lago e transformá-lo em palco para a celebração e resistência de corpos dissidentes. Todas as noites, exposições “Caos no Tesão”, por Vini, e “Vermelho Lençol”, por Layse Almada, e websérie “Transparências”, por Fábio Takahasi.

Preliminares | DJ Hárlen Felix

DJ residente do Cabaré da MADRE, Hárlen Felix traz na abertura e também em outros momentos de cada noite um repertório diferente inspirado nos bailes conhecidos como Ballrooms ou Balls, movimento que celebra a diversidade surgido em Nova York na década de 1970. Felix se define como um curador musical, cuja missão é conectar as pessoas por meio da música. Atualmente, DJ residente do Centro Cultural Vasco, em Rio Preto, e da Virada SP.

Harlen Felix (Foto: Cine 11)

Abertura | Christina Martins, Deivison Miranda, E Su Mayê, Loren Lucca e Murilo Gussi

Uma Corpa de Baile formada por quatro bailarines rio-pretenses é responsável pela apresentação de abertura em cada noite, em que a apresentadora Murilo Gussi abre portas e pernas ao público presente. Vini Moreno é o convidado para coreografar as apresentações das quatro primeiras noites e Tiana Kova Mafia, a da noite de encerramento.

Memória | Christina Martins

“Um povo que não conhece sua História está fadado a repeti-la.” (Edmund Burke) No quadro Memória, vamos olhar para o passado, perceber o presente e almejar dias melhores. Em cada noite, um nome de suma importância para a comunidade será memorado. Vamos celebrar nossa ancestralidade, as que vieram antes de nós e abriram portas para que nós pudéssemos estar aqui.

Christina Martins é travesti não binárie. Iniciou sua investigação teatral em 2012, em projeto social. Atriz, performer, dançarina e modelo, profissionalizou-se em 2019. Entre os trabalhos mais recentes estão: “Guiné” (curta metragem), “Virado à Paulista” (espetáculo de rua) e “Quero ser Bitita” (infantojuvenil).

Montação & Montação Misteriosa | Kata Lana

Sucesso na primeira edição do Cabaré da MADRE o quadro Montação Misteriosa volta apresentando uma drag local por noite. Além de performar seu número artístico nas três primeiras noites, cada queen é responsável pela montação de uma convidade que experencia a arte drag pela primeira vez. Esse quadro conta com a interação do público, que busca descobrir a identidade da convidade. Após a revelação, a convidade também apresenta um número.

Kata Lana é a personagem criada por Felipe Catalano, comunicador social, pós graduado em história da arte visual, apaixonado por cinema e moda e amante da arte drag.

After: DJ Bárbara Ananda

Bárbara Ananda é apaixonada por música, vivência boêmia e reencontro com a cultura preta. Sua construção sonora é baseada nesse encontro entre o passado e o futuro, apresentando afrobatidas e músicas diaspóricas. Do Funk ao Afrohouse, a cena noturna de Rio Preto e região conhece seu entusiasmo e performances criativas.

CLIQUE ABAIXO E CONFIRA A PROGRAMAÇÃO COMPLETA DA MOSTRA CÊNICA RESISTÊNCIAS:

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