Festival online reúne profissionais da economia criativa

Janaina Machado no festival Fissura Criativa
Janaina Machado no festival Fissura Criativa

O festival Fissura Criativa, realizado pela casa de criar e pela poeCity, de São José do Rio Preto, começa neste sábado, 9 de janeiro, e vai até 24 de abril, promovendo reflexões sobre as mais diversas áreas da economia criativa.

A proposta é incentivar a criatividade e democratizar o acesso à economia criativa, segmento que envolve negócios pautados pela criatividade, cultura e capital intelectual e cada vez mais importante diante dos avanços tecnológicos em nossa sociedade.

Nesta primeira edição serão 18 encontros virtuais no formato de lives. Serão mais de 30 horas de reflexões e debates entre 49 convidados de São José do Rio Preto atuantes nas mais diversas áreas da economia criativa.

O festival é realizado pela casa de criar – escritório de arte e pela poeCity, de São José do Rio Preto, por meio da Lei Aldir Blanc.

Promovidos semanalmente, sempre aos sábados, os encontros são gratuitos e poderão ser acompanhados pelo canal casa de criar no YouTube e pela página de mesmo nome no Facebook. O projeto foi um dos contemplados pelo Edital 06/2020 – Auxílio para Festivais de Culturas, lançado pela Secretaria Municipal de Cultura de São José do Rio Preto.

Festival Fissura Criativa

Diferentes áreas de atuação dos profissionais criativos (como música, fotografia, design gráfico, dança, ilustração, tatuagem, artes cênicas, turismo, propaganda, gastronomia, arquitetura, urbanismo, grafismo indígena, letramento, graffiti, moda e economia criativa) serão abordadas nos debates ao longo da programação.

Os encontros virtuais irão reunir trabalhadoras e trabalhadores da economia criativa como designers, fotógrafos, ilustradores, tatuadores, técnicos de som e luz, pesquisadores, empreendedores e artistas.

Mapeamento

Segundo o “Mapeamento da Indústria Criativa no Brasil”, publicado em 2019 pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), a área criativa gerou riqueza de R$ 171,5 bilhões na economia brasileira no ano de 2017.

O estudo apontou que o mercado de trabalho criativo formal no Brasil reunia naquele ano 245 mil estabelecimentos e 837,2 mil profissionais, com base em dados do Ministério do Trabalho.

Abertura

A mesa “Quem tem medo de Beyoncé? Paradoxos de uma mulher negra global”, abrirá a programação neste sábado, às 11 horas, com a participação dos professores e pesquisadores Janaína Machado, Tiago Vinicius e Vladimir Rodrigues.

Tiago Vinicius Foto: Milena Áurea)
Tiago Vinicius Foto: Milena Áurea)

O encontro irá jogar luz sobre o urgente debate em torno do protagonismo preto na música pop global. A partir do olhar para a cantora pop norte-americana, os participantes buscarão refletir sobre os modelos brasileiros e suas personagens contemporâneas, como Isa, Ludmila, Jup do Bairro, Lynn da Quebrada, Margareth Menezes e Elza Soares, e como se dá o protagonismo no Brasil e no exterior.

Participantes

Janaina Machado é pesquisadora, educadora, poetisa e foi integrante do grupo de rap Sarue Zambi. Graduada em Letras-Português e Linguística pela Universidade de São Paulo (USP), estuda a poética da política negra no texto do Racionais MC’S, no Programa de Estudos Étnico e Africanos-Pós Afro da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

As pesquisas e investigações de Tiago Vinicius têm se concentrado na discussão da questão social brasileira com atenção aos marcadores sociais da diferença, especialmente raça e etnia, no âmbito dos direitos humanos, tendo por referência, especialmente, o direito antidiscriminatório e a teoria crítica racial.

Ele desenvolve projetos voltados à educação e ensino do direito, e que abordam a correlação entre cidadania e acesso à justiça. Atua diretamente junto a Conselhos de Direito no Controle Social de Políticas Públicas.

Vladimir Rodrigues

Professor, escritor e doutor em literatura, Vladimir Rodrigues é bacharel em letras com habilitação em tradutor pela Unesp/Ibilce e licenciado em filosofia pelo Instituto Claretiano. É autor, pela Editora Unesp, do livro “O X de Malcolm e a questão racial norte-americana”.

16 semanas

Todos os encontros serão mediados por juny kp!, curador do festival. “A intenção é ocupar o imaginário da população rio-pretense pelo longo período de 16 semanas, gotejando conhecimento, diálogo e escuta.

Por essa razão, os encontros se darão em ‘conta-gotas’, semanalmente”, afirma o curador. “Abrir caminho para o contato com a criatividade é possibilitar o encontro do ser com o que há nele de mais humano, sua própria condição”, acrescenta.

A comissão organizadora do Festival Fissura Criativa também é composta por Carolina Manzato (produtora artística), Wagner Orniz (produtor executivo) e João Gabriel Polizelli (produtor gráfico).

Instagram

Durante o festival, os participantes serão convidados a fazer intervenções gráficas e textuais no perfil do evento no Instagram (@fissuracriativa), em uma grande linear galeria de arte.

Outra ação nesse perfil, executada no mesmo período, é a chamada “Invasão de perfil”, em que usuários são convidados a postar na conta por um período combinado, através dos stories, sobre temas ligados à criatividade.

Confira abaixo a programação completa do Festival Fissura Criativa:

2 de janeiro a 24 de abril

EXPOSIÇÃO DIGITAL + INTERVENÇÃO + INVASÃO DE PERFIL

Durante o período de permanência do festival, os convidados fazem intervenções gráficas e textuais no perfil do evento no Instagram (@fissuracriativa), em uma grande linear galeria de arte. Na chamada “Invasão de perfil”, usuários são convidados a postarem na conta por um período combinado, através dos stories, sobre temas ligados à criatividade.

9 de janeiro

11h – QUEM TEM MEDO DE BEYONCÉ? PARADOXOS DE UMA MULHER NEGRA GLOBAL

A cantora negra norte-americana Beyoncé Knowles influencia milhões de pessoas e cria tendências. Esse encontro procura jogar luz sobre uma questão muito urgente: o protagonismo preto na música pop global, Como se dá esse protagonismo, quem são os verdadeiros agentes, quem manipula e quem é manipulado. A partir do olhar para Queen B, buscaremos refletir os modelos brasileiros e suas personagens contemporâneas: Isa, Ludmila, Jup do Bairro, Lynn da Quebrada, Margareth Menezes e Elza Soares. Como se dá o protagonismo aqui e lá fora. Participação dos professores e pesquisadores Janaína Machado, Tiago Vinicius e Vladimir Rodrigues.

16 de janeiro

11h – LETRAMENTOS POSSÍVEIS: ENTRE O EXCESSO DE ZAPZAP E A FALTA DE LIBRAS

Os professores Renata Sbrogio, Carolina Manzato e Glaucio Camargos debaterão suas pesquisas sobre Letramento. Renata no campo do letramento digital, Gláucio no campo da Libras (Língua Brasileira de Sinais) e Carolina nos diversos tipos de letramento. Discutir a exclusão da população brasileira nas letras, no mundo digital e para com as pessoas surdas ou com deficiência auditiva. Como a criatividade e a empatia podem agir como ferramentas eficazes no ato de incluir.

14h – A FOTOGRAFIA AUTORAL EM MEIO A AVALANCHE DE CELULARES E NOVOS CRIADORES DE IMAGEM

Como está o mercado fotográfico hoje em Rio Preto? Ainda há espaço para ser autoral? Quem é o cliente de fotografia no século 21? São José do Rio Preto trata bem seus fotógrafos? Questões a serem postas nesse encontro entre os fotógrafos Milena Aurea, Priscila Beal e Jorge Etecheber.

23 de janeiro

11h – A VIDA CORPORATIVA E A VIDA DE AGÊNCIA: DESIGNER GRÁFICO, UM SER ADAPTÁVEL

Uma mesa para discutir os papéis reais de profissionais do design gráfico inseridos no mercado de São José do Rio Preto. Com a participação de um designer funcionário de empresa de tecnologia, um designer para empresa de estética e responsável pelo marketing estratégico da empresa da família e uma designer com experiência em agências e escritório próprio. Com Mariana Mattos, Luiz Henrique de Oliveira Santos e Miguel Torquato.

14h – DESIGN GÁFICO E MERCADO: EXPERIMENTO FREELANCE

O tema aqui é o designer gráfico como profissional autônomo, o chamado freelance. Trata-se de uma posição inicial ou de uma posição fim? Quais os principais pontos positivos e negativos no comparativo com o CLT. Com os designers gráficos Fran Fralsoni, Eri Johnson e Joe DMS.

13 de fevereiro

11h – ATRAVESSEI O ATLÂNTICO E VOLTEI (OU NÃO)

A experiência de trabalhar (ou tentar) com cultura/criativdade em outro país é um desejo de muitos artistas. O encontro reúne três artistas que relatam suas experiências, decepções e sucessos. Por que foram, por que voltaram (ou não)? Com o artista visual Will Cardoso e os bailarinos David Balt e Pedro Maricato.

20 de fevereiro

11h – CORPO FRAGMENTADO, CORPO OBJETO. QUE DANÇA ESSE CORPO DANÇA?

Um encontro para debater as diferentes danças que, apaixonadamente, discutem suas relações com o mundo. Quando o “mundo do movimento” reflete as diferentes formações corporais e das experiências de cada corpo dançante? Qual é a dança e qual é o corpo que dança legitimado pelas estruturas vigentes que tem condições de criar fissuras nos imaginários da atualidade? Com o bailarino Vinicius Francês e o dançarino Lucas Leal.

27 de fevereiro

11h – A ILUSTRAÇÃO: A BUSCA PELA AUTORIA. O COMO, O QUANDO E O PORQUÊ?

A autoria no processo de criação artística coloca o indivíduo no centro de um universo particular, alheio à lógica do mundo exterior. Nesse sentido, a arte funciona como uma ferramenta de potencialização da liberdade, sendo ela capaz de conferir plena autonomia a quem a produz. O encontro abordará as inúmeras possibilidades que se abrem ao sujeito quando passa a entender-se como o autor desse universo particular, capaz de materializar no papel qualquer ideia que possa vir à sua mente. O encontro também discutirá as perspectivas do mercado para ilustradoras. Enquanto conversam, as participantes desenharão ao vivo. Com Laura Ferré, Taísa Gomes e Elissa Pomponio.

06 de março

11h – BRECHÓ: TENDÊNCIAS E LOCALIDADES, EXPERIÊNCIAS E FUTURO

A mesa abordará o tema da moda sustentável, do mercado de peças usadas e do empreendedorismo sustentável. Quais as tendências e motivações das três participantes ao abrirem seus brechós. Um panorama do mercado e do público consumidor da cidade. Betânia Menezes (Brechó Vivendi), Carolina Manzato (Casa de Vestir) e Mônica Cavallari (Baú Brechó).

13 de março

11h – POSICIONAMENTO E OCUPAÇÃO NO MERCADO DE ILUSTRAÇÃO: ENTRE GEEKS E POLÍTICA, NINGUÉM SAI ILESO

Um encontro entre dois grandes nomes da ilustração digital contemporânea. De um lado, Lézio Jr., chargista e ilustrador, e do outro, Leandro Cruzes, se solidificando na cena dos games e cultura de massa. Ambos comentarão como fazem para manterem a autoria e a pesquisa constante em meio ao turbilhão de cobranças dos clientes.

20 de março

11h – MÚSICA RAP: VIDA DE ARTISTA INDEPENDENTE… DE RIO PRETO PARA O MUNDO

A mesa propõe discutir a cena musical independente no Brasil. A partir do olhar de dois artistas do rap e de uma produtora inserida no contexto. Com a rapper MC Gra, o rapper Punk e a produtora artística Lili Garcia.

27 de março de 2021

11h – TATUAGEM: O EQUILÍBRIO ENTRE MINHA VOZ E O DESEJO DO CLIENTE

Um encontro entre dois artistas da tatuagem. Enquanto desenham suas folhas, discutem seus percursos, influências e como percebem o mercado da tatuagem. Com Rodolfo Braga e Amanda Lucateli.

3 de abril de 2021

11h – A ARTE INVISÍVEL: TECNICAMENTE FALANDO

Encontro sobre o trabalho dos profissionais da área técnica que atuam atrás dos palcos. Luz, sonoplastia, cenário e figurino. Três profissionais da cidade debaterão sobre suas especificidades, curiosidades e o permanente diálogo necessário para que toda a magia aconteça. Com o ator e iluminador Luis Fernando Lopes, o técnico de som Marcelo Di Giuli e o ator e diretor Alexandre Manchini.

10 de abril

11h – EMPREENDER CRIATIVAMENTE EM RIO PRETO: UMA AGÊNCIA de PUBLICIDADE, UM HOSTEL e UMA CASA NOTURNA

Um encontro para contar estórias, apresentar pontos de vista e trocar análise sobre como é empreender criativamente na cidade de São José do Rio Preto. Com Fernando Santana (Trend Propaganda), Alexandre Kaldera (Casa Kenty) e Gabriela Oliveira (Estúdio 2741).

17 de abril

11h – O PAPEL DO ALIMENTO NO SÉC XXI: ALIMENTAR O ESTÔMAGO OU ALIMENTAR O EGO?

Discussão sobre caminhos, necessidades e precariedades do alimento na contemporaneidade. Quantos estão abaixo do mínimo necessário e quantos estão desperdiçando, destruindo e alienando? Nesse sentido, o setor da gastronomia é posto em debate. Com o artista multimídia e estudioso das pancs (plantas alimentícias não convencionais) Wagner Orniz, o fotógrafo e apreciador de vinhos Santiago Garcia e o chef Henrique Salles.

24 de abril

11h – GRAFISMO INDÍGENA BRASILEIRO: ANCESTRALIDADE, SIGNIFICADOS E PROPÓSITOS NA PELE DE 1500 E NA PELE DE 2021

Quando e como se dá o processo de diluição de um símbolo carregado de significado para um povo originário? Como preservar tais símbolos em um mundo em constante transformação? Grafismos originários e tatuagem. Com a antropóloga e pesquisadora Niminon Suzel Pinheiro e o artista visual Guto Silva.

14h – FACHADAS E MEMÓRIAS: A PELE DA CIDADE e PLANO DIRETOR: QUE BICHO É ESSE?

A mesa coloca em diálogo a arquiteta e urbanista Delcimar Teodozio e o artista miniaturista Pêra. Um cruzamento de gerações e visões sobre a cidade de São José do Rio Preto. Como cada um dos convidados vê e sente a cidade.

19h – DESIGN GRÁFICO E ÉTICA: HÁ ALGUMA?

Como andam as discussões sobre ética no design gráfico brasileiro? Estamos deixando de projetar/desenhar para os humanos e privilegiando as marcas, empresas e produtos? Como ficar atento às tentativas de nos desumanizar. Com Guilherme Falcão, designer gráfico; Lucas Pantaleão, professor doutor na UFU e juny kp!, diretor criativo da casa de criar, escritório de arte.