Uma conversa durante uma viagem transformou-se em um projeto pioneiro. Em 2013, enquanto faziam o trajeto São Carlos – São José do Rio Preto, SP, três amigos resolveram criar algo diferente. Ali nascia o Sarau Urbano, também conhecido como “A festa democrática da palavra falada”.
Iniciativa inédita na cidade, logo foi abraçado por muitos. E este mês, o Sarau Urbano completa quatro anos. Na linha de frente estavam, e ainda estão, Bruno Fausto, Luciana Pequim e Ricka Back Spin.
Bruno Fausto, Luciana Pequim e Ricka (Foto: Vitão Natureza)
O Sarau Urbano acontece sempre na última sexta-feira do mês. Mas nessa edição especial de aniversário, o encontro vai rolar no sábado, dia 2 de dezembro, no CEU das Artes Nova Esperança, a partir das 16h.
Na programação especial de aniversário tem palestra com Eduardo Taddeo, rapper, escritor, ativista, palestrante e compositor; graffiti com Edson Ramos, Stan Bellini e Does, além de exposição de fotos de Vitão Natureza, apresentação de grupo infantil de Rap e entrega de livretos com textos de poetas participantes do Sarau.
Tudo ao som do toca-discos de Ricka Back Spin. A entrada é aberta ao público e, como sempre, os microfones estarão abertos para quem tiver algo dizer ou poesias a declamar. Sejam autorais ou não.
Sarau Urbano além das palavras
Durante os seus quatro anos de história, o Sarau Urbano sempre reuniu amantes das palavras e da literatura. Mas também sempre reuniu intervenções artísticas.
E nesta edição especial não será diferente.
Entre as principais atrações está a palestra de Carlos Eduardo Taddeo. O paulistano é rapper, escritor, ativista, palestrante e compositor e foi um dos fundadores e líderes do grupo Facção Central.
Eduardo Taddeo (foto: Facebook)
Entre 1995 e 2013, Eduardo foi vocalista e compositor de todas as letras do grupo. Faz palestras por todo Brasil e, em 2012, lançou o seu primeiro livro: “A Guerra Não Declarada na Visão de um Favelado”.
Em 2014, lançou o seu primeiro trabalho solo, o CD duplo “A Fantástica Fábrica de Cadáver”.
Outra atração é o grupo de Rap Mc Robertinho + universus, de Robertinho Filho do Céu, formado por crianças.
A exposição de fotos “Poéticas da Cidade”, de Victor Augusto Ferreira da Silva, o Victor Natureza, também estará por lá. As imagens trazem participantes do Sarau Urbano.
Durante a festa de aniversário serão distribuídas edições de livretos com textos de poetas do Sarau.
“Eles vão autografar as edições e poderão levar alguns exemplares para casa. O livro não será vendido. Quem quiser uma edição poderá pegar durante a festa”, explica Luciana Pequim, uma das organizadoras do Sarau.
Sarau Urbano no Centro Cultural Vasco (Foto: Facebook)
Segundo ela, os poetas terão a oportunidade de levar os livros para outros saraus, em palestras em outras cidades e até vender.
“A grande sacada é viver da arte deles. A proposta é que esses poetas possam se desenvolver em cima desse livreto. Pois vários deles não tiveram essa oportunidade de publicar um livro. É um grande passo para quem quiser seguir a carreira”, diz Luciana.
Valorização do projeto
Este ano o Sarau Urbano foi um dos 38 projetos selecionados no Prêmio Nelson Seixas 2017, na área de Literatura. Durante os quatro anos de existência, esta foi a primeira vez que o Sarau contou com auxílio financeiro.
“Com o Prêmio, podemos trazer atrações melhores, ampliar o evento”, diz Bruno Fausto, um dos organizadores.
“Nesses quatro anos de resistência, fizemos o Sarau sem rótulos, para falar de tudo. Como já era feito em São Paulo. No início e também ao longo da nossa história tivemos muito apoio do Centro Cultural Vasco, do Sesc, mas nenhum apoio financeiro”, revela Bruno.
Sarau Urbano (Foto: Facebook)
Mas apesar de muitos perrengues, o Sarau Urbano abriu caminho para outros eventos do mesmo tipo. “Viemos mostrar dá pra fazer um rolé legal com pouco. Não tem espaço? faz na praça, em locais públicos”.
Ele conta que a primeira edição, em 2013, teve 17 participantes. Em algumas recentes, no Sesc Rio Preto, o número de pessoas chegou a 200. “O Sarau foi uma transformação pra muita gente. Pessoas que escreviam textos em casa e hoje se intitulam como poeta”, conta.
É uma parada mágica. De se dispor a escutar o outro – Bruno Fausto
Com a valorização e o reconhecimento, Bruno espera que o projeto tenha forças para continuar. “Se não for com a gente, com nós três, que seja com outras pessoas”, diz.
Dona Ninfa, participante assídua do Sarau (Foto: Reprodução/ Facebook)
Assim também pensa Luciana Pequim, que conta que foi no Sarau Urbano que aprendeu a ouvir e a respeitar o próximo. “Nem todo mundo é igual. No Sarau aprendi a gostar de poesia e literatura. Também aprendi a ter mais sensibilidade”, diz Luciana.
A cada edição saio diferente – Luciana Pequim
O início de tudo
Depois do bate-papo no trajeto de uma viagem, os três amigos resolveram investir nessa ideia de promover um evento cultural diferente em Rio Preto.
E esse plano foi reforçado por Ericson Carlos Silva, amigo e parceiro de Ricka Back Spin. Mais conhecido como B.Boy Banks.
Banks foi o grande incentivador do Sarau Urbano. “Ele é o padrinho do Sarau. Antes de tudo começar, ele chegou e disse: mano, o bagulho tá pipocando. Slams de poesia tão pipocando em São Paulo. Vocês têm que fazer em Rio Preto. E nós seguimos o conselho dele. Mas fizemos do nosso jeito, com música e intervenções artísticas, com uma linguagem própria”, diz Ricka.
B.Boy Banks (Foto: Reprodução/Facebook)
O slam de poesia (ou poetry slam, em inglês) citado por Banks, são campeonatos de poesia falada onde poetas leem ou recitam trabalhos.
“Banks já tinha dado uma direção enorme para a cultura hip hop aqui em Rio Preto. E ele veio nos dar uma injeção de outra forma. Nós, então, ouvimos as palavras dele e começamos a fazer o nosso Sarau Urbano”, revela Ricka.
O Sarau Urbano não tem rótulo – Ricka Back Spin
E essa edição do Sarau Urbano será ainda mais especial para seus três organizadores. No dia 27 de novembro, o padrinho do projeto, o B.Boy Banks, faleceu em São Paulo.
Serviço
Aniversário de 4 anos do Sarau Urbano
Onde: Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU) do Parque Nova Esperança – rua Robson Augusto Lopes de Diaveiro (projetada 17), s/nº
Quando: Dia 02 de dezembro de 2017 – a partir das 16h
