Sono e fadiga causam 60% dos acidentes

Sono e Fadiga são a 3ª maior causa de acidentes de trânsito (foto: Shutterstock)

Sono e fadiga são a terceira causa de acidentes de trânsito no Brasil. Para a categoria de motoristas profissionais, esses são os motivos de 60% dos acidentes.

Os dados são da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (ABRAMET). No Brasil, 60% dos acidentes rodoviários envolvendo motoristas profissionais, portadores das carteiras de habilitação C, D e E, são causados por sono (42%) e fadiga (18%).

A Perkons, empresa de soluções inteligentes para segurança no trânsito, ouviu especialistas no assunto para saber quais as recomendações e cuidados que os motoristas devem.

“A privação do sono prejudica os sistemas imunológico e hormonal, além de não restabelecer os neurotransmissores. Isso traz consequências como falta de concentração, atenção, raciocínio e, consequentemente, diminuição das atividades necessárias para conduzir um veículo”, explica Dirceu Rodrigues Alves Junior, médico e diretor de comunicação da ABRAMET.

Estudos mostram que a relação entre a quantidade de horas dormidas e o tempo que se está dirigindo influencia diretamente na qualidade da condução.

Por exemplo, se o condutor dormir cinco horas e meia, a chance dele causar um acidente de trânsito é 10 vezes maior do que quem dormiu por oito horas.

E quanto menos se dorme, mais se aumenta o risco. Se o repouso for de quatro horas e meia, o risco sobe para 12 vezes. Quando o descanso é de apenas três horas e meia, o perigo salta para 20 vezes.

“Se considerarmos todos os acidentes ocorridos em rodovias, áreas rurais e urbanas, sono e fadiga são a terceira maior causa de acidentes de trânsito no país. Fica atrás apenas do uso de álcool e drogas ao volante (2º lugar) e do excesso de velocidade (1º lugar)”, revela Dirceu Alves.

Como evitar acidentes de trânsito

Para não fazer parte das estatísticas, a orientação é simples: se o condutor não puder relaxar o suficiente antes de dirigir, não deve pegar a estrada.

O neurologista Gustavo Franklin orienta que o ideal é dormir a cada 14 horas e ter uma noite de sono entre sete e oito horas seguidas.

“Um indivíduo acordado a mais de 20 horas, ou seja, privado de sono, manifesta efeitos semelhantes à de uma pessoa embriagada. Táticas como tomar café, ligar o rádio e o ar condicionado fazem com que o motorista fique mais atento por breves instantes. Mas isso só disfarça o sono. O pior é que ele não irá perceber o momento em que esses artifícios passam a não fazer mais efeito. E o primeiro sinal pode ser, justamente, um acidente”, alerta o neurologista.

Descansar é preciso

Um grupo de risco quando se trata de privação de sono ao volante é o de motoristas profissionais.

“A preocupação é grande com esta categoria, que costuma dormir muito pouco e em condições inadequadas. Descansar cerca de quatro horas por noite, hábito comum entre eles, não produz a quantidade ideal de melatonina. Isso favorece o desenvolvimento de doenças e o risco de acidentes nas estradas”, comenta Alves Junior.

Sabendo dos perigos que corre quem está frequentemente acompanhado do volante, o Governo Federal estabeleceu regras para o exercício da profissão.

O comentarista do CTB Digital, Julyver Modesto de Araujo, explica que a Lei 13.103/15, conhecida como Lei dos caminhoneiros, pode ser aplicada para todos os motoristas profissionais de transporte de cargas e de passageiros.

“O motorista de veículo de transporte rodoviário coletivo de passageiros ou de cargas não pode dirigir por mais de cinco horas e meia ininterruptas. Para o transporte de carga são 30 minutos para descanso dentro de cada seis horas. No caso do transporte de passageiros, 30 minutos para descanso a cada quatro horas na direção”, esclarece Araujo.

Segurança nas vias

De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), nas rodovias federais, em 2017, 3.796 acidentes foram causados por condutores que dormiram ao volante.

Isto resultou em 3.629 pessoas feridas e 371 mortos.