A Agência de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE) adotou uma avançada Inteligência Artificial (IA), conhecida como Giant Oak Search Technology (GOST), para otimizar a varredura das redes sociais das pessoas que desejam entrar no país.
Não é segredo que, pelo menos desde 2016, a ICE verifica as redes sociais de todo mundo que solicita visto de entrada nos EUA. Apesar da polêmica gerada em torno de questões éticas e de privacidade, advogados especialistas em imigração argumentam que a ICE não leva em conta posicionamento político ou religioso e que a intenção é apenas saber se o requerente do visto tem planos de viver nos EUA.
Porém, em tempo de polarizações políticas, étnicas e religiosas e de uma tensão global comparada por historiadores à que antecedeu a 2ª Guerra Mundial (1939 – 1945), não é insanidade alguma supor que posições políticas e religiosas podem, sim, interferir na decisão de conceder ou não a permissão de entrada no país.
Portanto, se você tem plano de ir aos EUA, seja a passeio, a trabalho, ou com intenção de morar, é bom ter cuidado extra com o que posta nas redes sociais, pois a GOST intensificou a verificação das mídias sociais em busca de “conteúdos depreciativos” em relação ao país.
Beira a ingenuidade achar que um país tão obcecado em proteger suas fronteiras e atualmente envolvido de forma direta em dois grandes conflitos bélicos – um de cunho ideológico e outro de cunho étnico-religioso – não esteja atento às posições políticas e religiosas de qualquer pessoa que solicite um visto de entrada.
“É importante as pessoas terem cuidado para que uma situação, às vezes até não intencional, possa gerar uma repercussão negativa muito grande, implicando até na negativa de um visto requerido”, adverte Vinicius Bicalho, advogado especialista em imigração, licenciado nos EUA.
A revelação do uso da IA, inicialmente apresentada pela 404 Media (veículo de mídia independente), destaca a abordagem inovadora no controle de fronteiras. Afinal, o GOST desempenha papel central na análise minuciosa de postagens nas redes sociais e na avaliação do “potencial risco” para os EUA.
Por outro lado, desencadeia novos debates sobre implicações éticas e de privacidade.
Documentos confidenciais citados no relatório da 404 Media ressaltam tanto a capacidade tecnológica quanto as implicações políticas do sistema, que atribui pontuações de mídia social às pessoas, variando de 01 a 100.
A pontuação tem base na relevância percebida para a missão do usuário. A abordagem não apenas acelera o processo, mas destaca a complexa interseção entre segurança interna e liberdades individuais fundamentais.
Embora a avaliação de mídia social não seja uma prática nova, ferramentas como GOST revelam a capacidade dessas tecnologias para processar informações em uma escala muito mais rápida do que os métodos convencionais.
“Esta inovação na abordagem da imigração nos EUA representa um marco significativo, refletindo uma mudança na maneira como as fronteiras são controladas e os vistos são aprovados. À medida que a IA continua a moldar o futuro, questões cruciais sobre ética e privacidade estão no centro do debate público”, afirma Vinícius.
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